sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

NOSSO CAOS DE FIM-DE-ANO



Todos os anos são assim: lágrimas, lamentações, recomeço e fogos de artifícios à beira da Lagoa da Pampulha. Ou seja, catástrofes e champanha de Ano Novo.




Vários municípios de Minas Gerais, principalmente na RMBH, foram atingidos pelas chuvas torrenciais que já duram cerca de 48 horas.
De acordo com a Defesa Civil estadual, Belo Horizonte teve inúmeros pontos de alagamentos e inundações, sendo os bairros 1º de Maio, Prado, Guitierrez e Guarani seriamente atingidos.
Crateras surgiram em vias de intenso tráfego, podendo causar acidentes de consequências craves. O rompimento de uma adutora da Copasa provocou a formação de uma cratera, interditando as Avenidas Francisco Sá e Cristiano Machado, colocando em risco dois imóveis. Já no bairro Floresta, ocorreu desmoronamento de um muro sobre alguns veículos, mas sem deixar feridos.
Ainda não chegou o verão e nos últimos 15 dias, choveu em BH cerca de 373 mm, superando os 320 esperados para dezembro. Conforme a Defesa Civil, choveu 15% acima da média climatológica no município. Nestas últimas 24 horas, choveu cerca de 92 mm na região centro-sul e 154 mm na Pampulha.
Em Contagem, RMBH, os bairros Nacional, Ressaca, Nova Contagem e Centro foram os mais afetados, com registro de deslizamentos, desabamentos de muros e parciais residências. Seis famílias ficaram desalojadas, sendo Três delas retiradas em definitivo pela prefeitura e encaminhadas para o programa bolsa moradia.
Na cidade histórica de Ouro Preto, as chuvas intensas da tarde de ontem, provocou a queda parcial de uma residência na área urbana, que soterrou parcialmente uma criança de dois anos, que dormia no interior do imóvel. Ela foi socorrida por familiares que a retiraram dos escombros, resgatando o menino que não sofreu ferimentos graves. Três famílias estão desabrigadas e outras oito ficaram desalojadas.
Assim é e será em todos os anos: tristezas e alegrias
Entra ano e sai ano, os problemas socioambientais motivados pela falta de educação de muitos, somado a pouca ou nenhuma ação dos governantes resultam nas calamidades nossas de todos os anos... Chuvas são bem vindas, pois sem água não há vida e sem chuva não há alimento! No entanto, a falta de educação e respeito socioambiental de muitos são as reais causas de tanto sofrimento e caos.
O que vemos são sacos enormes de lixo e coisas descartadas como fogões, colchões, geladeiras, madeira, animais mortos e outros levados pelas águas que, sem a devida drenagem, rompem-se nas ruas, avenidas e logradouros, formando verdadeiras e perigosas correntezas... um rio de podridão e absoluto descaso!
Além dos danos materiais e até as perdas humanas e animais, a população afetada tem que se preocupar com as doenças como a leptospirose e outras. Crianças, idosos e indivíduos com baixa resistência imunológica são os mais atingidos, por estarem mais receptivos a contraírem infecções e doenças. Sabemos que todos os anos, entre o Natal e o Ano Novo, tais tragédias acontecem. Contudo, nada ou quase nada é feito para eliminar tais problemas.
Devemos nos conscientizar da nossa responsabilidade pela produção, armazenamento e destino do nosso lixo de todos os dias. Somos responsáveis pelos entupimentos das bocas de lobo, as quais são importantes para o escoamento das águas de chuvas e esgotos. Somos responsáveis, também, pela proliferação de algumas doenças, que poderiam ser evitadas como a Dengue (causada pelo mosquito aedes) e a leptospirose (causada pela urina do rato).
Ou seja, quando jogamos restos de alimentos no chão, não armazenamos corretamente o nosso lixo, rico e nutrido de farta alimentação, especialmente para os roedores, estamos, na verdade, é alimentando e corroborando para que doenças e infecções se propaguem em nossos lares, lotando postos de saúdes e hospitais, que se digam de passagem, com atendimentos pecaminosos e ineficientes... a prova disto é: todos os dias na imprensa, vemos gente morrendo e implorando por atendimentos básicos e essenciais à manutenção da vida humana. Os próprios profissionais da saúde relatam não darem conta do serviço, por causa da má remuneração e falta de condições estruturais e logísticas do local de trabalho. Ou seja, sem ferramentas e equipamentos adequados e um salário, no mínimo, respeitoso, não há profissional que se agüente!
Bem, não estou culpando somente a população em si, mas todo o complexo humano urbano, pois se cada um de nós, incluindo eu próprio, contribuir para a preservação e conservação socioambiental num todo, com certeza, teremos um melhoramento em nossa qualidade de vida não somente ambiental, mas também social e econômica... Pois mazelas, doenças e caos... custam muito dinheiro público. E devemos também nos conscientizar que, dinheiro gasto tem que ser reposto e adivinha que vai pagar a conta???...
E em falar em conta: em 2012.. 2013 e 2014... teremos uma imensa conta a pagar, afinal, teremos mais chuvas... mais engarrafamentos... mais desastres ambientais... mais doenças e postos de saúde lotados, mais caos motivados por enchentes e claro, uma sensacional e espetacular Copa do Mundo, em que o Mineirão será uma das casas de jogos magnânima... enfim, seja bem vindo o verão às terras brasileiras... país de ventos brandos e “marolinhas”.




Wenderson Cardoso
Jornalista-Documentarista
Especialista em Gestão Ambiental

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